Já considerou criar um negócio capaz de resolver problemas sociais, ambientais e ainda gerar lucro? É nisso que o empreendedorismo social se baseia: apresentar soluções viáveis e que impactam positivamente a sociedade.
O interessante dos empreendimentos sociais é que eles não precisam de doações ou de filantropia para se manterem, pois, em sua essência, são organizações rentáveis. Contudo, vale destacar que o lucro não é seu principal objetivo.
Negócios sociais são movidos pela possibilidade de ampliar perspectivas de pessoas à margem da sociedade, gerar renda e beneficiar a comunidade. O lucro existe para a manutenção do projeto e não para beneficiar os acionistas. Entenda mais a seguir!
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O que é o empreendedorismo social?
Logo acima, fizemos uma pequena introdução de qual o significado de empreendedorismo social. Esse tipo de empreendedorismo cria negócios a fim de solucionar ou impactar determinado problema da sociedade ou do meio ambiente.
Sua maior diferença para uma ONG (Organização Não Governamental) é que as empresas sociais consideram a viabilidade econômica de seus projetos. Então, da mesma forma que qualquer empreendimento, uma organização social deve ser rentável.
A partir da necessidade de impactar comunidades, o empreendedorismo social estabelece uma visão diferente sobre o lucro. Em geral, existem duas linhas de pensamento sobre o tema.
A primeira afirma que investidores de empreendimentos sociais não devem ter direito ao lucro. Eles poderiam recuperar somente o capital investido e o lucro deveria ser reaplicado para a ampliação da empresa e fortalecimento de seus projetos.
Essa noção é liderada pelo economista e ganhador do Prêmio Nobel da Paz, pioneiro no tema empreendedorismo social, Mohammad Yunus.
Na segunda linha de pensamento, criada mais recentemente, defende a distribuição dos lucros entre os acionistas, pois isso possibilitaria a atração de novos investidores e, consequentemente, mais recursos para viabilizar os projetos.
Essa vertente foi criada pelos professores universitários Stuart Hart e Michael Chu, da Universidade de Harvard.
Não existe um consenso sobre qual corrente é a mais adequada. Há empresas que operam com base na primeira e na segunda linha. Porém, é correto afirmar que todas elas atuam com o foco no benefício da comunidade e não em ganhos individuais.
Como funciona o empreendedorismo social?
Segundo o Sebrae, todos os negócios sociais se baseiam em algumas políticas comuns, como você pode conferir abaixo:
- Trabalho em rede; criar parcerias que possibilitem a expansão do negócio e de seus impactos;
- Combate ao trabalho forçado ou escravo infantil;
- Zelo pela cadeia produtiva, que envolve avaliar fornecedores e as etapas da prestação de serviços ou produção de um bem;
- Gerenciamento do impacto ambiental;
- Alinhar as diretrizes do negócio com políticas públicas.
Com base nessas políticas, as empresas sociais geram inúmeros impactos positivos na sociedade, como:
- envolver grupos de baixa renda ou em vulnerabilidade social na cadeia produtiva;
- ofertar serviços e produtos de qualidade com preços acessíveis;
- expandir o acesso da população de baixa renda a oportunidades e serviços básicos, como educação, moradia, alimentação, energia, saneamento etc.;
- oferecer ferramentas que possibilitem a geração de renda entre grupos marginalizados, a partir de materiais de baixo custo, venda de tecnologias e acesso a crédito.
Quais são as características de um empreendedor social?
Quando falamos sobre o empreendedor social, é importante deixar claro que ele apresenta um perfil distinto daquele inserido na lógica empresarial com a qual estamos acostumados a acompanhar.
Nesse sentido, a empatia é uma característica que define qualquer sujeito ativo nessa iniciativa. Afinal, ser empático é conseguir visualizar a realidade pelos olhos dos outros.
O empreendedor social deve prestar atenção à sua volta e saber enxergar as pessoas da comunidade que deseja transformar, de modo humano.
Além disso, outro traço de destaque do empreendedor social é a inconformidade com as injustiças sociais e desigualdades. Inclusive, esse sentimento é o que move qualquer pessoa que deseja mudar o mundo.
Qual a diferença entre empreendedorismo social e ONGs?
Algumas pessoas confundem os empreendimentos sociais com as ONGs. Apesar das duas instituições buscarem melhorias sociais e ambientais, além do desenvolvimento de comunidades, as ONGs não visam lucro e dependem de doações para se manter.
Na prática, todo o dinheiro faturado ou recebido de doações é revertido para a continuidade dos projetos das ONGs.
Quais os impactos do empreendedorismo social?
Inúmeros negócios sociais vêm surgindo nos últimos anos. De acordo com um estudo realizado pela Ande Brasil (Aspen Network of Development Entrepreneurs), empresas do gênero têm movimentado mais de U$$60 bilhões no mundo, com aumento de 7% ao ano.
Segundo o Sebrae, em 2018, havia mais de 800 empreendimentos sociais no Brasil. 56% dessas empresas se localizam na região Sudeste.
No globo, são mais de 600 milhões de pessoas impactadas positivamente por esse tipo de negócio. Nosso país está entre as 10 nações no mundo com mais projetos no setor.
Essas informações constam no relatório da Fundação Schwab, plataforma global de empreendimentos sociais.
Quais os principais exemplos de empreendedorismo social?
Diversos empreendimentos se encaixam nas características do empreendedorismo social, porém, ainda têm o lucro como principal objetivo. Nesse aspecto, tais negócios não podem ser considerados empresas sociais, mesmo que gerem benefícios à sociedade.
Além disso, o fato de uma organização ser liderada por alguém com origem em um grupo minoritário e/ou ser localizado em comunidades pobres — fortalecendo o ecossistema empreendedor na região — não define um empreendimento social.
Em suma, um empreendimento social deve, necessariamente, unir dois fatores: a visão sobre lucro e o impacto social e ambiental. Por fim, veja alguns casos de empreendedorismo social no Brasil a seguir.
Litro de luz
A Litro de Luz é um empreendimento que distribui lâmpadas de garrafa PET em regiões em que não há energia elétrica.
Boomera
A Boomera é uma organização que transforma resíduos em uma linha de produtos.
Projeto Tamar
O Projeto Tamar já existe há mais de 40 anos, lutando contra a extinção de espécies marinhas.
Sua atuação se divide em três linhas: conservação e pesquisa, educação ambiental e desenvolvimento social sustentável.
Esse negócio social funciona a partir de um programa de auto-sustentação. Uma parcela de sua receita vem da venda de produtos da marca e do ecoturismo.
ICEP
O Instituto Chapada de Educação e Pesquisa é uma empresa que possui a missão de viabilizar o acesso ao ensino público de qualidade. A organização atua no âmbito local, estendendo-se em seis territórios na Bahia, Pernambuco e Alagoas.
O ICEP opera em diversas frentes, abordando desde a educação continuada, para a formação de profissionais, até a produção e sistematização de conhecimento. Possui metodologia baseada em conceitos e Territórios Colaborativos.
GRAACC
O Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer é uma das empresas sociais de maior reconhecimento no Brasil.
Fundada em 1991, a partir da parceria entre o pediatra Antônio Sérgio Petrilli, o engenheiro Jacinto Guidolin e a voluntária Lea Della Casa Mingione.
Esse time buscava meios de aumentar as chances de cura para crianças com câncer, até que em 1998, obteve a colaboração técnico-científica da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo).
Com isso, o GRAACC se tornou referência no tratamento do câncer infantil. A organização de matem por meio da venda de produtos em loja virtual, bazares e doações.
Gerando Falcões
A iniciativa Gerando Falcões foi idealizada por Eduarda Lyra, jovem nascida na periferia de São Paulo. A empreendedora social decidiu se dedicar a melhorar a vida de crianças que enfrentam as mesmas dificuldades que ela venceu na infância.
Até hoje, mais de 30 mil estudantes foram impactados pelo projeto, que visa fortalecer o protagonismo juvenil, os fortalecendo como motores de transformação da sociedade.
ASID
Atuante desde 2010, a Ação Social para Igualdade das Diferenças surgiu como um trabalho de faculdade. Seu compromisso é ajudar na gestão de escolas e instituições que atuam com pessoas especiais.
A organização é gerida por Alexandre Amorim, Luiz Ribas e Diego Moreira, que desenvolveram uma metodologia administrativa que ajuda as entidades assistidas a melhorar a qualidade do ensino gratuito oferecido a pessoas especiais.
Adaptsurf
O Adaptsurf utiliza o esporte como ferramenta principal de transformação. Seu intuito é promover a inclusão e interação social de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida a partir do surf.
Assim, a organização promove e divulga o surf como um esporte adaptado, firmando parcerias com entidades ligadas ao esporte, como escolas de surf e outros.
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Conclusão
Neste artigo, você aprendeu sobre o que é o empreendedorismo social. A partir desse conceito, compreendemos que é possível empreender sem negligenciar o desejo de transformar o mundo para melhor.
Além de impactar positivamente a sociedade, o meio ambiente e a vida das pessoas, esse empreendedorismo incentiva a criação de um futuro melhor, mais ético e responsável.
4 comentários em “Empreendedorismo social: saiba o que é, como funciona e benefícios”