Você sabe o que é uma cooperativa educacional? Já existem modelos educacionais como esse no Brasil, mas os brasileiros não sabem como ele funciona.
Pelo motivo de já existirem cooperativas educacionais no Brasil, é muito importante disseminar o objetivo dessas instituições pela população.
Afinal, como estamos tratando de educação, toda forma de ensino sempre será bem-vinda. Não é mesmo? Não é diferente com as cooperativas educacionais.
Essa modalidade de educação é muito benéfica tanto para os alunos quanto para os profissionais da educação. Mas você deve estar se perguntando: “Como ela pode ser vantajosa para a educação em geral?”.
Para você entender melhor sobre o assunto, o Ailos, neste artigo, explicará detalhadamente o que é uma cooperativa educacional e qual sua importância para sociedade.
O que é uma cooperativa educacional?
O modelo de educação que temos atualmente no Brasil é o tradicional: onde o professor é o intermediador da educação, sendo o “personagem” principal por compartilhar seus conhecimentos.
Nesse modelo de ensino, os alunos devem ficar sentados e escutar todo o conhecimento que o professor tem para ensinar. Na cooperativa educacional, o modelo de educação é um pouco diferente.
O modelo de cooperativa educacional foi desenvolvido para incentivar e aumentar o interesse dos alunos nas aulas, com o objetivo de estimular a troca de conhecimento. Por isso, na cooperativa educacional as relações são delimitadas como:
- Professor X Aluno;
- Aluno X Professor;
- Aluno X Aluno.
Inicialmente, esse modelo não pode parecer tão diferente do modelo tradicional, mas é muito pelo contrário!
No modelo de cooperativa educacional, existe uma troca de saberes entre os indivíduos da instituição, fazendo com que os alunos se sintam mais importantes no processo de aprendizagem.
Durante o processo de aprendizagem, as escolas implementam uma nova metodologia, proporcionam trabalhos voltados para a prática educacional e resolução de problemas e atividades que estimulem a responsabilidade em equipe.
Origem das cooperativas educacionais
O palco para o desenvolvimento das cooperativas educacionais no Brasil foi em Belo Horizonte, em 1984.
Neste ano, os professores fundaram as Escolas Reunidas Cooperativa Ltda., posteriormente chamada de Cooperativa de Trabalho Educacional Ltda. (Cotel).
No entanto, o surgimento do cooperativismo educacional só foi acontecer em 1987, com a criação da Cooperativa de Ensino de Itumbiara (CEI), mantenedora do Colégio Cora Coralina.
Até o ano de 1980, só existiam 11 cooperativas educacionais no Brasil. Porém, a partir dos anos 1990, aconteceu um aumento significativo do número de cooperativas do setor, como o aparecimento de mais de 80 escolas mantidas por essas entidades.
O aumento na criação de cooperativas educacionais se deu pelo fato do descontentamento da população com a qualidade da educação, a má remuneração dos professores e o aumento das mensalidades nas escolas particulares.
Desta maneira, ao passar dos anos, os pais e professores se reuniam em grupos para mudar o cenário da educação e criar empreendimentos cooperativos educacionais.
De acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2019, desenvolvido pela OCB (Organização das Cooperativas do Brasil), no ano, o número de cooperativas educacionais era de 265.
Ou seja, são aproximadamente 61 mil cooperados e mais de 3.400 colaboradores. Pode parecer um número grande, porém, se compararmos ao tamanho da não, é relativamente baixo.
O estado de São Paulo conta com 59 cooperativas educacionais, Minas Gerais com 25, Rio de Janeiro com 22 e Rio Grande do Sul aparece com 15. Amazonas, Acre e Roraima, até então, não possuem cooperativas educacionais.
Como funciona uma cooperativa educacional?
Como dito anteriormente, as cooperativas educacionais surgiram pela necessidade de uma educação de qualidade para a população brasileira.
Por isso, o objetivo principal de uma cooperativa de educação é unir um ensino de qualidade a um preço justo.
Como as mensalidades nas escolas particulares estavam cada vez mais altas, a única solução foi criar empreendimento cooperativas para implementar preços justos.
Administração pelos próprios professores e pais
O objetivo de qualquer cooperativa é que a administração seja justa, por isso, a gestão é feita pelos próprios sócios que participam do empreendimento.
Nas cooperativas educacionais, a administração é feita pelos próprios pais dos alunos, automaticamente se tornando cooperados.
Ou seja, são os próprios pais dos alunos que contratam os professores que trabalharão de maneira autônoma nas instituições de ensino.
Bons preços
Como as cooperativas educacionais foram criadas pelo fato das mensalidades de escolas particulares estarem muito altas, o preço dessas instituições são justos.
Ou seja, os responsáveis pagarão por um ensino de qualidade e professores com níveis de conhecimento altíssimo.
Além disso, os recursos financeiros são geridos pelos próprios responsáveis, geralmente realizados através de Assembleias.
Ensino de qualidade
Em escolas tradicionais, os pais não têm o poder de escolher os professores que darão aula para seus filhos — o que pode deixá-los com um pouco de insegurança.
Nas cooperativas, é comum que os próprios responsáveis (cooperados) escolham os professores que prestarão serviço para a instituição.
Então, como os responsáveis sempre estarão à procura de um ensino de qualidade, obviamente, os professores escolhidos terão alta proficiência.
Além das matérias obrigatórias de um ensino de qualidade, os professores contratados promovem uma educação com base na democracia, na cidadania e na cooperação.
Apesar de serem diferentes das escolas tradicionais, as cooperativas de educação também devem seguir as regras implantadas pelo Ministério da Educação (MEC).
Assembleias
As Assembleias são reuniões muito comuns em cooperativas, independentemente de suas áreas. Elas são muito importantes para decidir o rumo das instituições.
Como os próprios responsáveis são os cooperadores, eles têm o direito a voto e opinar sobre os rumos da escola.
Geralmente, as Assembleias acontecem sempre quando existe um assunto que necessita da opinião dos sócios.
Quais são os benefícios de uma cooperativa educacional para o aluno?
As cooperativas são vantajosas, principalmente, para os alunos — já que eles desfrutarão de um ensino de qualidade e justo.
Optando por colocar o seu filho em uma cooperativa de educação, ele está vulnerável a desenvolver diversas outras capacidades positivas.
Quer saber quais são elas? Trouxemos a lista dos principais benefícios da cooperativa educacional para um estudante. Confira abaixo!
Cooperação
Como já diz o nome do modelo de ensino, o cooperativismo educacional, além das matérias principais, desenvolverá no aluno o poder da cooperação.
Vivemos em uma sociedade muito individualista e quando juntamos nossas especialidades, é bem mais fácil de resolver problemas e construir um mundo melhor.
Por isso, a base do ensino de uma cooperativa de educação é o cooperativismo. O aluno, desde pequeno, saberá que juntos conseguimos realizar a diferença.
Aprendizado contínuo e aprofundado
Geralmente, os alunos de escolas tradicionais só estão sujeitos ao aprendizado durante as aulas e quando vão para casa não praticam as metodologias ensinadas em classe.
Com o cooperativismo educacional é diferente, a todo momento o aluno está aprendendo novos ensinamentos, sejam eles educacionais ou sociais.
Dessa maneira, ele poderá desenvolver suas habilidades cognitivas tanto em sala de aula quanto em sociedade. Não é incrível?
Desenvolvimento integral
No cooperativismo educacional, o desenvolvimento não acontece somente em uma parte do dia, ele é integral. Ou seja, ele é contínuo.
Se você deseja dar um ensino de qualidade e próspero para o seu filho, a cooperativa educacional será a melhor alternativa.
O ensino oferecido pelas cooperativas educacionais faz com que o aluno entenda o mundo por completo, não somente recortes dele.
Ambiente incentivador
Geralmente, as escolas tradicionais não oferecem o incentivo necessário para o aluno continuar nos trilhos da educação.
Na cooperativa de educação já é bem diferente. O objetivo da instituição é fazer com que a escola seja um lugar repleto de incentivos e conhecimentos.
Por isso, a metodologia utilizada pelos professores é totalmente incentivadora para, assim, os alunos ficarem cada vez mais interessados pelo mundo da educação.
Desenvolvimento da habilidade de solução de problemas
Uma das maiores dificuldades dos jovens e adultos da era contemporânea é a habilidade de solução de problemas. No entanto, isso pode ser revertido com um bom incentivo.
Pelo fato das escolas tradicionais não desafiarem seus alunos, eles acabam crescendo sem a habilidade de resolução de problemas desenvolvida.
Desse modo, os alunos acabam se tornando adultos que não conseguem manter uma boa performance no trabalho e frustrados com a vida.
Com o ensino da cooperativa educacional, os estudantes recebem desafios diários e aprendem a solucionar inúmeros problemas. A partir disso, eles acabam se tornando jovens e adultos com uma forte capacidade de serem independentes.
Qual a importância das cooperativas no Brasil?
Infelizmente, a educação no Brasil, especialmente nos níveis I e II e médio, sofre com uma grande negligência governamental.
Por um lado, existe o sucateamento do ensino público, por outro, os altos custos das escolas particulares — sendo um privilégio para aqueles que conseguem pagar.
A solução para esses problemas pode ser o investimento em cooperativas educacionais, que já estão presentes no Brasil desde 1948.
Ainda de acordo com as pesquisas da OCB, porém do Anuário de 2021, as cooperativas representam 21% do ramo do trabalho, produção e bens de serviço do cooperativismo.
A importância das cooperativas educacionais é o fato delas serem instituições que possuem um custo acessível e um ensino de alta qualidade para os alunos.
Além disso, esse tipo de empreendimento é uma maneira de proporcionar autonomia para os pais brasileiros que desejam uma educação melhor para o Brasil.
Muitas escolas já utilizam a metodologia cooperativa?
Embora as cooperativas educacionais já existam no Brasil há bastante tempo, ela ainda não se tornou muito conhecida entre as escolas tradicionais do Brasil.
Isso porque o país está acostumado com o modelo tradicional de ensino. Ou seja, precisaria de uma mudança muito grande no modelo de educação caso fosse implementado.
Muitos responsáveis pensam que o bom desenvolvimento do aluno está ligado à notas e um alto desempenho em matérias tradicionais, como português e matemática.
No entanto, não é apenas isso que resume o bom desenvolvimento de um aluno. Apesar de serem matérias essenciais, o estudante deve se desenvolver em outras áreas de sua vida.
Porém, infelizmente não é dessa maneira que a maioria das escolas pensa. Por exemplo, os alunos de escolas públicas não costumam ter acesso a outras disciplinas, como música, cultura, inglês e outros.
Então, a aplicação da metodologia de cooperativismo educacional em escolas públicas ofereceria uma enorme mudança no desenvolvimento dos alunos. No entanto, essa metodologia só é aplicada em algumas instituições de ensino.
Cooperativas escolares na Argentina
Você deve estar se perguntando: “O que a Argentina tem a ver com as cooperativas educacionais do Brasil?”. A resposta é simples: elas são um grande exemplo de sucesso do cooperativismo.
Não estamos falando sobre as cooperativas educacionais, mas sim sobre o comportamento e atitude dos estudantes em Sunchales, em Buenos Aires.
Praticamente todas as escolas tradicionais de Sunchales possuem cooperativas de estudantes. São aproximadamente 3,5 mil alunos que fazem parte de diversos projetos.
Nestes projetos, os próprios alunos possuem o poder de decisão sobre as atividades exercidas e os produtos que serão elaborados.
Além disso, eles participam de todas as etapas de desenvolvimento do projeto, inclusive a administração e organização. No município, existem 17 cooperativas escolares geridas por alunos da cidade.
Conclusão
A tendência das cooperativas educacionais é crescer no Brasil, já que a economia do país está cada vez mais desgastada.
Nesse caso, os cidadãos param de depender, parcialmente, do estado e investem em melhorias coletivas, como as cooperativas educacionais.
Nesse modelo, os sócios (responsáveis) podem decidir o melhor rumo para a educação e quais melhorias devem ser feitas regularmente para a instituição manter o selo de qualidade.
Além disso, os alunos começam a realizar planos, analisar e criar possíveis alternativas para situações cotidianas que podem refletir em seus futuros.
Ou seja, além de receberem uma educação de qualidade, eles aprendem a lidar com problemas de maneira responsável, sem se preocupar com possíveis consequências.
Em suma, a cooperativa educacional tem o objetivo principal de formar cidadãos críticos e analíticos para o mundo se tornar um lugar repleto de pessoas qualificadas e conscientes.
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