A busca por um modelo organizacional no qual os colaboradores também são donos do próprio negócio pode ser uma questão para muitas pessoas e, principalmente por isso, elas encontram o cooperativismo como uma excelente resposta para esse anseio.
No entanto, mais do que entender o que é cooperativismo, é importante compreender também quais são os princípios que regem esse modelo de negócio. Entre eles, podemos destacar 7, desde adesão voluntária e livre até interesse pela comunidade.
Se você deseja conhecer mais sobre o conceito por trás de cada um desses princípios, está no artigo ideal. Além de explicar o que significa cooperativismo, vamos explorar os 7 princípios e falar também sobre os principais valores pregados por ele. Boa leitura!
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O que é cooperativismo?
O primeiro ponto a ser esclarecido neste artigo é sobre o que é cooperativismo. Ela diz respeito à colaboração entre pessoas em prol de um interesse comum.
A ideia é que, a partir do coletivo, é possível conquistar vantagens que dificilmente seriam alcançadas de forma isolada. Ele se define também enquanto um modelo econômico-social que gera e distribui riqueza de forma proporcional aos associados.
Diante disso, é possível perceber que o cooperativismo pode ser interpretado como um caminho que mostra que é possível unir o desenvolvimento econômico com o desenvolvimento social
Com uma longa história, que teve início no século 19, o cooperativismo pode ser um modelo encontrado em vários segmentos atualmente.
Segundo dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) as cooperativas estão em ao menos 100 países e conseguem gerar mais de 250 milhões de empregos.
Entre os ramos, como é o caso de setores como agropecuário, transporte, infraestrutura, saúde e consumo, também podemos citar o de crédito. É ele que dá origem às cooperativas de crédito.
As cooperativas de crédito são instituições financeiras que tem como foco oferecer serviços financeiros de melhor qualidade somente aos seus associados, os quais são tidos como donos dos negócios e participam das suas decisões.
Princípios do cooperativismo
Um dos motivos que faz com que o cooperativismo exista há tanto tempo, sem dúvidas, é a presença de princípios fortes e consolidados dentro desse modelo, seja em qual ramo for.. A seguir, vamos falar sobre cada um deles.
1. Adesão voluntária e livre
Em primeiro lugar, o conceito de adesão voluntária e livre diz respeito ao fato das cooperativas serem organizações voluntárias e abertas a todas as pessoas aptas a utilizar seus serviços.
Ao mesmo tempo, não é permitido qualquer discriminação de sexo ou gênero, social, racial, política e religiosa com o objetivo de impedir a entrada de um cooperado. Por isso, também, este princípio tem muito a ver com os valores de liberdade e da igualdade.
A aptidão para participar está ligada ao fato de que as pessoas precisam cumprir requisitos mínimos já que sua participação envolve assumir responsabilidades como membros.
Dessa forma, não importa o que levar a adesão, mas sim se a pessoa é considerada apta. Ou seja, caso a pessoa não atenda às condições legais e estatutárias, ela não pode continuar nessa organização.
Esse conceito também aborda o fato de que, além de ser livre para quem queira cooperar,a decisão de adesão compete ao próprio interessado, não sendo possível que alguém seja compelido a ingressar ou a permanecer na sociedade contra sua vontade.
2. Gestão democrática
O segundo princípio dos 7 é a gestão democrática. De acordo com ele, as cooperativas são órgãos democráticos e controlados por seus cooperados, os quais devem participar de decisões políticas .
Ter uma gestão democrática significa dizer que a sociedade cooperativa precisa se guiar a partir de conceitos que vem da democracia, ou seja, a atuação responsável de todos os membros.
Os direitos e deveres dos cooperados envolvem votar e ser votado e, ao mesmo tempo, participar da vida da cooperativa. Nas cooperativas de primeiro grau, todos os membros têm igual direito de voto, isto é, um membro corresponde a um voto.
Já nas cooperativas de grau superior, outras formas democráticas são estabelecidas. Nesses casos, é permitido voto múltiplo, que se baseia no número de associados da base caso sejam centrais.
Quanto às confederações, ela se baseia no número de cooperativas singulares de cada central e de cada federação.
Todas as pessoas que são eleitas como representantes dos demais membros, são responsáveis diante delas. O princípio da democracia se baseia em valores como igualdade, transparência e responsabilidade.
Por isso, a gestão democrática é essencial para o sucesso da cooperativa, no qual a própria aliança deve assegurar todas as condições para a prática desse direito-dever.
3. Participação econômica
A participação econômica é um princípio que se refere ao fato dos membros contribuírem equitativamente para o capital das suas cooperativas. Todos os membros são donos da cooperativa, pois todos adquirem cotas para entrar na sociedade.
A partir disso, parte desse capital também será propriedade comum da cooperativa. Além disso, caso exista um cenário financeiro para tal, os membros podem receber uma remuneração sobre o capital integralizado.
A formação e o crescimento de uma cooperativa se baseia no capital social e nas reservas. Devido a isso, é um dever do associado contribuir para a formação do patrimônio da cooperativa.
Os excedentes, portanto, podem ser destinados a diferentes fins:
- desenvolvimento da cooperativa;
- retorno aos sócios na proporção de suas transações com as cooperativas;
- apoio a outras atividades que forem aprovadas pelos associados.
Juntamente com o dever de contribuir financeiramente, os cooperados – por serem donos – têm o dever de operar com a sua cooperativa.
É preciso que todos façam sua parte para que o esforço seja proporcionalmente distribuído ao coletivo. A aplicação deste princípio está relacionado com os valores da responsabilidade e a solidariedade.
A vantagem da participação econômica também se evidencia devido à qualidade do atendimento, aos preços mais atrativos e, principalmente, à distribuição do resultado proporcionalmente às operações.
4. Autonomia e Independência
Um outro princípio desse modelo é que toda cooperativa é uma organização autônoma e independente, sendo controlada pelos seus membros.
Dessa forma, é importante pontuar que, embora sejam feitos acordos com organizações externas – até mesmo públicos -, eles sempre devem ser feitos de forma a garantir a autonomia da cooperativa.
Como é uma iniciativa a partir da união de pessoas voluntariamente e se baseia na autogestão, o sucesso do empreendimento somente afeta quem faz parte dele. Os valores que regem esse princípio são os da democracia, transparência e honestidade.
Como a cooperativa é algo exclusivo dos associados, não deve haver espaço para a influência externa. Por isso, é preciso que essa organização seja protegida de qualquer força exterior ao meio social.
Em suma, qualquer negócio que envolva a participação de órgãos externos não pode afetar o controle dos associados e, muito menos, prejudicá-los ou implicar privilégios aos administradores ou executivos das cooperativas.
No entanto, vale ressaltar: o fato da não ingerência do Estado no funcionamento da cooperativa não impede o livre exercício da regulamentação e supervisão por órgãos estatais.
5. Educação, formação e informação
O quinto princípio do cooperativismo é o de educação, formação e informação. Toda e qualquer cooperativa deve cultivar o propósito de promover a educação e a formação dos seus membros, seja em qual nível ele estiver.
Por isso, estas organizações devem promover a educação nas comunidades onde estão inseridas, como forma de fortalecer o desenvolvimento econômico, social e ambiental delas.
Esse princípio também entende que todos os participantes de uma cooperativa de – sócios, representantes, administradores e empregados – são continuamente qualificados e podem favorecer o crescimento da cooperativa e, assim, beneficiar quem é impactado por ela.
Tanto palestras como cursos técnicos e workshops vão colaborar para a capacitação dos associados. O ideal é que existam programas de formação que considerem o perfil dos vários atores internos.
Quando se pensa nos associados, ainda, é indispensável que antes de assumir cargos eletivos de importância, essas pessoas passem por uma preparação estruturada para o mundo cooperativo.
Embora os programas e conteúdos foquem em desenvolver todos os valores, esse princípio está associado de forma imediata aos valores da transparência e da responsabilidade.
6. Intercooperação
Seguindo com os demais princípios, o de intercooperação também é de extrema relevância. De acordo com ele, as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais força ao movimento cooperativo quando o processo é feito de forma conjunta.
Em resumo, a cooperação entre as cooperativas fortalece o movimento como um todo. Por isso, ela se dá através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.
A intercooperação sempre se inicia pela base, ou seja, espaço em que as entidades cooperativas de primeiro piso, de diferentes ramos, operam entre si.
Um bom exemplo disso é o uso de serviços bancários das cooperativas financeiras pelas entidades coirmãs por outro ramo, como é o caso do agropecuário. comum que os associados de uma cooperativa também sejam associados a outras que cooperam entre si.
Quanto à integração vertical, é importante que as cooperativas se organizem em entidades de segundo (centrais e federações) e, pela reunião de centrais ou federações, de terceiro (confederação) pisos, compondo agregações sistêmicas.
A intercooperação pode ser entendida como um exemplo do valor da solidariedade, visto que o objetivo é que cooperativas de diferentes ramos e níveis se desenvolvam e se mantenham saudáveis.
7. Interesse pela comunidade
O último princípio que rege o cooperativismo é o interesse pela comunidade.
As cooperativas atuam com o objetivo de garantir um desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.
Esse compromisso pela comunidade é o que diferencia – entre muitos outros fatores – , por exemplo, as cooperativas de crédito dos bancos. A busca pelo equilíbrio das comunidades e o bem estar dela é um compromisso próprio desse modelo.
O interesse pela comunidade também envolve respeitar as peculiaridades sociais e a vocação econômica do local em que ela está inserida, com o objetivo de promover soluções de negócios e apoiar ações humanitárias.
O apoio a projetos precisam ser viáveis tanto do ponto de vista econômico como social e ambiental.Em resumo, as cooperativas devem atuar em prol da contínua melhoria da qualidade de vida das pessoas dentro de sua área de atuação.
Devido a isso, não há qualquer propósito de exploração mercantilista e preterimento do lucro. O foco é no benefício dos associados e o valor da responsabilidade social é o responsável por reger esse princípio.
Em suma, como as ações visam os interesses dos próprios membros, é papel deles deliberar quanto às diretrizes as administrações devem agir para atingir esses objetivos.
Quais os valores do cooperativismo?
Como falamos durante os princípios, eles também se baseiam em pilares básicos que possuam uma relação muito próxima entre si. A seguir, iremos falar de forma breve sobre os 9 valores do cooperativismo.
1. Ajuda mútua e responsabilidade
A ajuda mútua e responsabilidade para com o próximo é um valor básico de qualquer prática cooperativista. Como o objetivo é alcançar o bem comum, não é possível tornar isso real sem a colaboração entre as pessoas.
2. Democracia
O pilar da democracia é o que faz com que não haja distinção entre as pessoas ou qualquer favorecimento de um grupo diante das decisões políticas. No cooperativismo, todos os associados têm igual direito de decisão.
3. Igualdade
A igualdade diz respeito à capacidade de enxergar todas as pessoas de forma igualitária. Dessa forma, não é possível fazer qualquer discriminação entre os cooperados devido a alguma característica e condição pessoal, pois elas não tem diferenciação.
4. Equidade
A equidade é um conceito semelhante ao da igualdade. Ela garante o tratamento igual, de acordo com o grau de participação nas relações humanas e de contribuição para os associados, que partilham de maneira igualitária os benefícios resultantes.
5. Solidariedade
A solidariedade, isto é, compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas às outras e cada uma delas a todas, é um pilar fundamental do cooperativismo. Sem ela, não é possível haver o fortalecimento da cooperação entre os associados da cooperativa.
6. Honestidade
A honestidade é uma postura essencial para garantir a prática efetiva do cooperativismo. Através dela, é possível garantir que o processo de participação e distribuição seja justo. A educação feita pela organização pode tornar a honestidade mais próxima deles também.
7. Transparência
A preocupação com a transparência de um negócio é essencial para que ele seja democrático, igualitário e honesto. Por isso, mecanismos adequados e transparentes de acesso a informações e participação dos cooperados se tornam fundamentais.
8. Responsabilidade Social
Por último, o princípio do cooperativismo também envolve a responsabilidade social, ou seja, com a sociedade. O interesse pela comunidade e pelo coletivo é o maior exemplo de que as ações são pautadas no compromisso com todos os envolvidos.
Perguntas frequentes sobre princípios do cooperativismo
Para esclarecer algumas dúvidas de forma rápida, trouxemos um tópico sobre as perguntas frequentes sobre os princípios do cooperativismo.
O que é cooperativismo?
O cooperativismo nada mais é do que uma filosofia que valoriza a associação de pessoas ou de grupos que possuem os mesmos interesses e, através da ajuda mútua, querem chegar ao mesmo objetivo de forma mais eficiente.
Quais são os 7 princípios do cooperativismo?
Os 7 princípios do cooperativismo são:
- adesão voluntária e livre;
- gestão democrática pelos associados;
- participação econômica dos associados;
- autonomia e independência;
- educação, formação e informação;
- intercooperação;
- compromisso com a comunidade.
Quais os ramos do cooperativismo?
Entre os principais ramos do cooperativismo que podemos encontrar, estão:
- crédito;
- consumo;
- agropecuário;
- infraestrutura;
- saúde;
- trabalho;
- produção de bens e serviços;
- transporte.
Conclusão
Os princípios do cooperativismo se baseiam na adesão livre, na democracia, na participação economia, na autonomia, na educação e conhecimento, na intercooperação e, ainda, no interesse pela comunidade.
São eles que fazem com que o cooperativismo, inclusive, o de crédito, seja um modelo de negócio em constante expansão e que tem se consolidado cada vez mais como uma alternativa ao que vemos tradicionalmente nos bancos.
Se você acredita que há outra forma de pregar pelo bem comum e crescer financeiramente, está na hora de conhecer opções de cooperativas de crédito.
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