Você já ouviu falar no IPCA, o que é e para que serve? Volta e meia, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo surge nas notícias para indicar o impacto da inflação no bolso das pessoas — preços mais altos dos alimentos, combustível e outros itens de consumo.
Entretanto, como isso funciona, de fato? Como é calculado? Acompanhe nosso guia a seguir para entender melhor essas e outras questões sobre o IPCA. Boa leitura!
IPCA: o que é?
Conforme indicamos a pouco, o IPCA é a sigla oficial do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, representando a taxa de inflação do país.
Nesse contexto, é a partir dele que percebemos a variação nos preços de uma série de produtos e serviços voltados ao consumidor final, como o quilo do feijão ou do tomate mais caro ou mais baixo.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é o órgão responsável por calcular o IPCA nas regiões metropolitanas de:
- São Paulo;
- Rio de Janeiro;
- Belo Horizonte;
- Porto Alegre;
- Curitiba;
- Salvador;
- Recife;
- Fortaleza;
- Belém;
- Vitória;
- Goiânia;
- Campo Grande;
- Rio Branco;
- São Luís;
- Aracaju;
- Brasília.
Mesmo que não seja calculado em todo o Brasil, o índice possui abrangência nacional, valendo para todas as cidades.
Como surgiu o IPCA?
Oficialmente, o índice surgiu em 1979. Contudo, o Banco Central começou a utilizá-lo em nossa política econômica somente em 2000. Nesse período, o IPCA foi escolhido como o índice de preços usado no regime de inflação pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Desse modo, é importante destacar que o próprio Bacen é o responsável por aplicar as políticas necessárias para o cumprimento das metas de inflação. Então, para que a inflação se mantenha sob controle, é preciso um trabalho conjunto entre essas duas organizações.
Na prática, o CMN define a meta a ser cumprida em um ano, e o Bacen assume a tarefa de cumprir o objetivo estipulado.
Para que serve o IPCA?
Assim como foi mencionado anteriormente, o IPCA serve para mostrar a variação de preços nos produtos e serviços consumidos pela população, de acordo com o IBGE. A partir desse índice, podemos saber se os valores aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro.
Mas, quais são esses produtos? Quem avalia o que as pessoas consomem, bem como quanto do rendimento familiar é gasto com cada serviço é o POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE.
Entre os itens, destacamos o arroz, feijão, verduras e legumes, carnes, combustível, despesas médicas, materiais escolares e outros necessários para manter a qualidade de vida.
Então, o IPCA não só considera a mudança de preço dos produtos, mas o quanto esses valores pesam no orçamento financeiro de cada família. Dessa forma, é mais fácil compreender o impacto dessas alterações no bolso das pessoas.
IPCA o que é: como é calculado o IPCA?
O IPCA é calculado a partir de uma “cesta” com cerca de 465 produtos e serviços. O cálculo considera somente valores pagos à vista nas regiões de cobertura. Esse portfólio é montado pelo POF, que engloba:
- Alimentação e bebidas;
- Transportes;
- Habitação;
- Saúde e cuidados pessoais;
- Despesas pessoais;
- Vestuário;
- Educação;
- Artigos residenciais;
- Comunicação.
Dessa maneira, o IBGE recolhe as informações de preços de cada item, entre os dias 1 e 31 de cada mês. Essa pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, residenciais, lojas de serviços e outros.
Em seguida, o órgão calcula o IPCA seguindo os pesos de cada área de consumo. No mês seguinte, são divulgados os resultados. Caso os valores aumentem de um mês para outro, houve inflação. Se acontecer o contrário, houve deflação.
Quais são as regiões e cidades que constituem o IPCA?
Para calcular o índice, o IBGE coleta dados sobre a renda de famílias que ganham entre 1 e 40 salários mínimos, nas 13 regiões metropolitanas e 3 municípios brasileiros:
- São Paulo;
- Rio de Janeiro;
- Belo Horizonte;
- Porto Alegre;
- Curitiba;
- Salvador;
- Recife;
- Fortaleza;
- Belém;
- Vitória;
- Goiânia;
- Campo Grande;
- Rio Branco;
- São Luís;
- Aracaju;
- Brasília.
IPCA o que é: qual a relação entre a inflação e o IPCA?
Conforme indicamos acima, o IPCA é considerado índice de inflação. Mas, porque isso acontece? A inflação é utilizada para definir o aumento geral ou contínuo dos preços na economia brasileira.
O IPCA reflete exatamente essa variação de preços e, por isso, funciona como um medidor da inflação no país, indicando se as taxas estão próximas ou longe da meta estipulada no ano.
Desse modo, além de afetar diretamente o bolso da população, o IPCA também impacta a rentabilidade de alguns investimentos pós-fixados, atrelados a ele. Títulos do Tesouro Direto, como o IPCA+, além de alguns CDBs são bons exemplos.
Quais são as principais causas para a inflação?
Uma inflação pode ocorrer a curto prazo — aumentar em um mês — ou a longo prazo — aumentar continuamente no período de um ano. As razões para isso são diferentes em cada caso.
É importante ter em mente que essas movimentações são naturais na economia, sendo que uma ação afeta a outra. Desse modo, é difícil determinar as causas de uma variação inflacionária de forma isolada. Conheça as principais associadas abaixo.
Crescimento da demanda
Quando o número de consumidores desejando determinado item sobe rapidamente, fica difícil garantir o fornecimento para todos. Assim, concluímos que a demanda ficou maior do que a oferta.
Com isso, o preço do item sobe para reduzir o número de interessados, gerando a inflação. O mesmo acontece com a disponibilidade de crédito? Sempre que o poder de compra da população aumenta, há maior oferta de crédito, pois o consumidor poderá gastar mais.
Encarecimento dos custos de produção
A inflação também aparece quando fica mais caro produzir determinado item ou oferecer certo serviço — quando o preço da farinha de trigo aumenta, o valor do pão também sobe.
Nesse cenário, o custo maior de produção faz com que a oferta do produto caia — essa é uma forma de reduzir o impacto dos valores para o consumidor. Ou então, os preços podem aumentar, a fim de cobrir todos os custos adicionais.
Diminuição da taxa de juros
Sempre que a Selic diminui — taxa básica de juros determinada pelo Bacen —, investimentos em poupança, renda fixa e títulos públicos passam a render menos. Por outro lado, os empréstimos em geral ficam mais baratos.
Esse é um meio de incentivar o consumo e a produção, já que as pessoas ficarão desestimuladas a poupar com o crédito mais acessível. No longo prazo, isso eleva o poder de compra, reduz a oferta, podendo levar ao aumento da inflação.
Aumento da emissão de moeda
Existem ações do governo que também afetam a inflação. Quando os gastos são maiores que os arrecadamentos, talvez seja necessário “imprimir” mais dinheiro — emitir mais moeda — para pagar as contas.
Com isso, o volume de dinheiro se torna maior do que a oferta de produtos e serviços. Consequentemente, os preços sobem, gerando a inflação.
Qual a relação entre IPCA e Selic?
Depois de entender o IPCA, o que é e para que serve, é importante explicar como ele se relaciona com a Selic. Como mencionamos acima, a Selic é uma taxa criada pelo Bacen. Seu intuito é controlar a inflação e, portanto, afeta diretamente o IPCA.
Então, quando a Selic aumenta, o acesso a dinheiro diminui, incentivando o consumidor a reduzir os gastos. A longo prazo, essa tática controla a inflação por gerar menor demanda e, assim, uma oferta mais barata.
Desse modo, aumentar ou manter estável a Selic é uma forma de controlar o aumento do IPCA.
Quais são as categorias de produtos utilizados pelo cálculo do IPCA?
Também citamos anteriormente as categorias de serviços e produtos utilizados no cálculo do IPCA. Veja mais detalhes sobre cada uma delas abaixo.
Alimentação e bebidas
Inclui o consumo de alimentos no supermercado e outros estabelecimentos que fornecem comida para o dia a dia da população. Esse setor tem participação de 24,77% na renda familiar brasileira.
Artigos de residência
Inclui o consumo de mobiliários, utensílios, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e outros itens que compõem uma residência. Esse setor tem participação de 3,91% na renda familiar brasileira.
Comunicação
Inclui o consumo de telefonia celular e Internet. Esse setor tem participação de 3,42% na renda familiar brasileira.
Despesas pessoais
Inclui o consumo de serviços pessoais e de lazer. Esse setor tem participação de 10,81% na renda familiar brasileira.
Educação
Inclui o consumo de cursos, materiais de leitura e de estudo. Esse setor tem participação de 5,01% na renda familiar brasileira.
Habitação
Inclui o consumo de energia elétrica, gás encanado, taxa de água e esgoto. Esse setor tem participação de 15,82% na renda familiar brasileira.
Saúde e cuidados pessoais
Inclui o consumo de itens farmacêuticos, plano de saúde e serviços médicos. Esse setor tem participação de 12,27% na renda familiar brasileira.
Transporte
Inclui o consumo de combustível e gastos com transporte público. Esse setor tem participação de 18,29% na renda familiar brasileira.
Vestuário
Inclui o consumo de calçados, acessórios, roupas masculinas e femininas. Esse setor tem participação de 5,65% na renda familiar brasileira.
IPCA o que é: IPCA-15 e IPCA-E?
Entendemos que o IPCA é o indicador central da inflação, mas existem outros que orbitam ao seu redor, como o IPCA-15 e o IPCA-E.
O IPCA-15, funciona de forma semelhante.Sua única diferença é o período de coleta das informações, que vai do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês seguinte.
Já o IPCA-E, ou Especial, indica o índice acumulado no trimestre pelo IPCA-15. Na prática, o IPCA-15 é uma prévia do IPCA, usado para fazer reajustes de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).
IPCA o que é: existem outros índices de inflação?
Além do IPCA, IPCA-15 e IPCA-E, o IBGE e outras instituições produzem outros índices de inflação:
- IPP: o Índice de Preços ao Produtor é um indicador voltado para a indústria, que mede a mudança nos preços de venda recebidos por produtores de bens e serviços;
- SINAPI: o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil é produzido em conjunto com a Caixa Econômica Federal, e mede a variação de preços no setor de construção e habitação;
- IGP-M: o Índice Geral de Preços do Mercado é calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), e é composto por três outros índices que medem os preços por atacado (IPA-M), ao consumidor (IPC-M) e de construção (INCC) — este é usado para reajuste de valores de aluguéis e seguros;
- IPC-Fipe: o Índice de Preços ao Consumidor é calculado pelo Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), e mede as mudanças de preços somente na cidade de São Paulo. Também indica o custo médio de vida das famílias com renda entre 1 a 10 salários mínimos.
IPCA acumulado: o que significa?
O IPCA acumulado, nada mais é do que a soma dos valores mensais; ou seja: o acumulado naquele período. Ele indica a variação média dos preços ao consumidor final. Nos últimos 10 anos, a inflação de comportou da seguinte forma:
- 2012: 5,84% de IPCA acumulado;
- 2013: 5,91% de IPCA acumulado;
- 2014: 6,41% de IPCA acumulado;
- 2015: 10,67% de IPCA acumulado;
- 2016: 6,29% de IPCA acumulado;
- 2017: 2,95% de IPCA acumulado;
- 2018: 3,75% de IPCA acumulado;
- 2019: 4,31% de IPCA acumulado;
- 2020: 4,52% de IPCA acumulado;
- 2021: 10,06% de IPCA acumulado;
- 2022: 7,17% de IPCA acumulado (até setembro de 2022).
A meta inflacionária de 2021, por exemplo, era de 5,25%, mas o IPCA acumulado ficou em 10,06% — quase o dobro do esperado no ano.
Qual a diferença entre IPCA e INPC?
Sabemos que a sigla IPCA se refere ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Então, o INPC significa o Índice Nacional de Preços ao Consumidor. Em tese, a diferença entre os dois está na palavra “Amplo”.
Isso pode parecer um simples detalhe, mas não é; o IPCA indica a variação dos custos de vida médio das famílias, com renda mensal entre 1 a 40 salários mínimos. Engloba uma grande fatia da população.
No caso do INPC, indica a variação do custo de vida média de famílias com renda mensal entre 1 a 5 salários mínimos.
Esse indicador foi desenvolvido porque, essas pessoas tendem a gastar todo o seu salário com itens básicos — alimentação, transporte, moradia etc — e, portanto, são mais afetadas pelas variações da inflação.
IPCA o que é: como o IPCA afeta o seu bolso?
De forma direta, a inflação faz com que seu dinheiro perca valor, pois ele não consegue acompanhar a alta nos preços. Então, seu salário continua o mesmo, enquanto os preços aumentam e, assim, você consegue comprar menos itens.
Outra consequência da inflação alta é a distorção dos preços. A população sente dificuldade em acompanhar o que está, de fato, caro ou barato.
Em um contexto de hiperinflação — quando a inflação é tão alta que gera um descontrole nos preços —, os valores aumentam todos os dias. A cada dia, a moeda perde valor rapidamente.
A importância do IPCA para os investimentos
Não é só o bolso da população que sente os impactos do IPCA; os investimentos também são afetados pelo índice. Dependendo da aplicação escolhida, o investidor precisa cuidar que a rentabilidade seja superior à inflação do período.
Contudo, existem ativos que sofrem variações maiores, com aqueles atrelados à Selic. Quanto mais alta a inflação, maior é a Selic, pois o governo aumenta os juros para frear a alta nos preços.
Nesse sentido, investimentos como o Tesouro Selic, que possui a Selic como base de cálculo, são afetados.
Sendo assim, uma inflação maior significa maiores rendimentos. Entretanto, o ganho real continua prejudicado, já que inflação “consome” boa parte dos rendimentos.
O mesmo acontece em investimentos baseados no próprio IPCA, como é o caso do Tesouro IPCA+. Em períodos de alta inflação, a rentabilidade desse ativo também sobe.
Investimentos atrelados ao IPCA
Em períodos de alta inflação, é interessante estudar investimentos que sejam capazes de sobreviver à escalada dos preços. Veja os principais abaixo.
Tesouro Direto
Ao aplicar no Tesouro Direto, você estará emprestando dinheiro para o governo. Existem uma infinidade de títulos do Tesouro Direto. Por isso, é essencial saber como cada um faz seu dinheiro render.
Os mais populares da modalidade são o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA+, citamos mais acima. Os rendimentos do Tesouro Selic são baseados na taxa básica de juros da economia.
Por outro lado, o Tesouro IPCA+ paga o IPCA do período, mais uma taxa fixa. Nesse sentido, esses investimentos garantem boas rentabilidades.
LCIs e LCAs
Semelhantes aos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), existem as Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio. A diferença é que esses ativos oferecem crédito a segmentos específicos, como o setor imobiliário e o agronegócio.
De acordo com o título, o rendimento será atrelado ao CDI ou ao IPCA. Quando há uma alta na inflação, as Letras de Crédito tendem a oferecer bons rendimentos.
Além disso, são protegidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que protege o investidor em caso de quebra da instituição que ofereceu o título. Assim, é possível resgatar até 250 mil reais por CPF.
Fundos e Investimentos
Alguns fundos de investimentos de renda fixa também possuem rendimentos atrelados ao IPCA.
Entretanto, é indispensável analisar como cada fundo funciona, como os índices que definem a remuneração de cada cotista.
Desse modo, é possível ter uma ideia real de ganho em relação ao investimento.
Debêntures
Títulos de empresas que precisam captar recursos para grandes investimentos, como a construção de novas unidades ou expansão dos negócios.
Então, para atrair investidores, elas optam por atrelar a remuneração à inflação, além de uma taxa de juros.
Também existem as debêntures incentivadas, criadas no início dos anos 2000, a fim de possibilitar às empresas a captarem recursos para grandes obras de infraestrutura.
Nesse contexto, o incentivo é a isenção do Imposto de Renda. Quase todos os títulos emitidos depois de 2012 estão atrelados ao IPCA.
IPCA o que é: como consultar o IPCA?
Os valores do IPCA são divulgados mensalmente pelo IBGE. Além de serem compartilhados na mídia, você pode acompanhar as mudanças do índice no site oficial do instituto.
No portal do IBGE, é possível consultar o valor do IPCA para o mês, bem como o acumulado nos últimos 12 meses.
Nesse espaço, também existem outras informações para que você entenda o funcionamento e a importância desse índice, assim como uma tabela com a variação em todos os estados brasileiros.
Diretamente no site, também há uma calculadora de IPCA, na qual é possível atualizar a porcentagem da variação por meio de duas datas.
Conclusão
Agora que você já conhece o IPCA, o que é e para que serve, com certeza ganhou mais facilidade para compreender a razão das variações de preços nos bens de consumo. Esse índice é um dos principais indicadores macroeconômicos do país. Nesse sentido, é importante acompanhar suas mudanças, a fim de se organizar financeiramente e aprender a escolher os melhores investimentos. Para isso, conte com o suporte da Ailos: a cooperativa de crédito que coopera com seus objetivos!