• 17 de agosto de 2022
  • 16 minutos

O que são as taxas de juros e como elas influenciam no mercado financeiro? Descubra tudo sobre!

16 minutos

Em maio de 2022, a Selic, taxa de juros básica da economia, passou de 11,75% para 12,75% ao ano, sendo um dos valores mais altos desde 2017. 

Esta, inclusive, é a 10ª alta consecutiva da Selic. O ciclo de alta dos juros básicos teve início em 2021.

Esse valor, por sua vez, é bem distinto da taxa de juros dos EUA, por exemplo, que é de 0,75% a 1%, sendo a mais alta desde o início da pandemia de covid-19

Mas, afinal, porque isso importa? O que é taxa de juros? Quais são as que existem? Como elas são decididas e quais são os critérios para isso? E qual é a sua relação com investimentos? 

Essas podem ser algumas dúvidas que quem entra no mercado financeiro pode ter. 

E por se tratar de um tema tão importante no mundo das finanças, nós resolvemos criar um conteúdo só para adentrar mais nesse tema. 

A seguir, você vai aprender tudo sobre taxa de juros. Continue lendo e tire todas as suas dúvidas com a gente!

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O que é taxa de juros? 

A taxa de juros nada mais é do que valor cobrado ao emprestar dinheiro a alguém.O juro é o custo do dinheiro e taxa é o preço cobrado percentualmente ao devedor pelo credor.

Em suma, os juros significam uma remuneração paga a quem empresta recursos a alguém, enquanto a taxa de juros é a relação entre o valor recebido e o dinheiro que foi oferecido.

Dessa forma, quem tem dinheiro sobrando pode se valer do empréstimo para lucrar com isso na forma de juros. Cada modalidade de crédito tem um tipo diferente de taxa de juros no Brasil.

 Quais fatores influenciam na taxa de juros? 

No Brasil, as instituições podem decidir quais são as taxas de juro para financiamento, para cheque especial ou para cartão de crédito. No entanto, quais são os fatores que influenciam na taxa de juros?

Ao emprestar dinheiro ou oferecer valores para fazer empréstimo, uma instituição financeira leva em conta alguns itens: risco, administração, lucro e, claro, inflação.

A seguir, vamos falar um pouco mais sobre cada um influencia.

Risco 

O risco nada mais é do que o grau de incerteza que o empréstimo envolve. Por isso, quanto pior for o histórico do cliente e a saúde financeira, os juros podem ser mais altos - e o valor, emprestado, menor.

Administração 

Outro fator que influencia a taxa de juros são as próprias taxas de administração. Elas podem corresponder a levantamentos de nível pessoal ou cadastral para saber a origem de quem está recebendo o empréstimo.

Lucro 

O lucro é aquilo que se ganha ao emprestar dinheiro com juros. Quando se pensa no caso do juros do empréstimo, é como se fosse a compensação por não aplicar o capital em produtos do mercado em outras oportunidades de mercado.

Inflação 

Em último lugar, a taxa de juros também está associada à inflação do mercado. A taxa de juros também deve atuar como uma forma de proteção para as possíveis perdas do poder aquisitivo da moeda que acontecem devido ao cenário inflacionário.

Como é calculada a taxa de juros? 

De forma geral, para calcular a taxa de juros, segundo o Banco Central, você pode usar a seguinte fórmula matemática:

  • Taxa de juros = [Juros / capital] x 100

É importante aqui ressaltar que o juros, nesse caso, é calculado a partir de outra fórmula:

  • Juros = M (Montante emprestado acrescido de juros) – C (Capital originalmente emprestado).

Considerando essas fórmulas, agora, vamos supor uma situação de empréstimo do seu capital. Digamos que você vai emprestar a alguém um valor de R$10.000 (capital).

Para isso, portanto, você vai cobrar um valor de R$800 por ano. Como esse valor representa 8% do seu capital, isso significa que a sua taxa de juros é de 8% a.a. (ao ano). 

O cálculo para chegar nesse valor de taxa será dividir o juros pelo capital, da seguinte forma:

  • 800/10.000 = 9/100 ao ano = 9 a.a.

Caso você tenha decidido que o pagamento do empréstimo seja no final de um ano, portanto, você vai receber R$10.000 (capital emprestado) + R$800 (juros), ou seja, R$10800.

No entanto, se esse tempo de empréstimo for maior, a forma de calcular a taxa de juros pode ser diferente, além do próprio formato do juros. Mais para frente, vamos falar um pouco sobre os tipos.

Qual a relação entre tempo e dinheiro? 

A relação entre tempo e dinheiro pode ser entendida pelos próprios juros. O juro pode ser entendido também como o valor do dinheiro no tempo. Quanto maior for o valor envolvido na transação e maior for o tempo de empréstimo, maior será o valor do juros.

Também é possível compreender que a taxa de juros é uma forma de reconhecimento que a unidade monetária recebida no futuro não terá o mesmo valor de agora.

Ou seja, o poder de compra que se tem com o real de hoje pode não ser o mesmo daqui a alguns meses. 

Dessa forma, a taxa de juros é uma forma de garantir também que você seja recompensado por não ter investido no dinheiro que você emprestou durante o tempo que foi emprestado.

Para além dos juros, o tempo e o dinheiro também podem ser associados de outras formas. 

Quando não se tem tempo, mas precisa comprar algo com urgência, você pode precisar gastar mais dinheiro. 

Da mesma forma, quando não se tem dinheiro, você vai precisar de mais tempo para conseguir fazer um pagamento, por exemplo.

Quais os tipos de taxas de juros? 

No exemplo que demos anteriormente, mostramos um exemplo de juros simples. No entanto, há uma grande quantidade de tipos de taxas de juros no mercado. São elas:

  • Simples;
  • Composto;
  • Moratório;
  • Reais;
  • Nominais;
  • Rotativos.

Cada uma das modalidades de juros a seguir tem uma função distinta. Entenda como todas elas funcionam!

Juro simples 

O tipo mais fácil de taxa de juros para se entender é o juro simples. Esse formato de juro pode ser calculado por meio de uma porcentagem que vai ser aplicada a um certo capital de acordo com um tempo determinado.

Como o cálculo é simples, ele sempre considera o mesmo valor, mês após mês. Ou seja, a taxa não se altera com o passar do tempo. Por isso, o valor a ser pago aumenta muito mais devagar se for comparado com outros tipos de juros.

Essa forma de cobrar juros serve para remunerar o credor que oferece dinheiro para fazer a economia poder girar. No entanto, como é um valor fixo, ele costuma ser incomum no mercado financeiro.

Juro composto 

O segundo tipo de taxa de juros são os compostos, sendo mais complexo que o primeiro. Diferente do juro simples, em vez de sempre considerar o valor do primeiro mês, a soma é feita em relação ao montante de cada mês

A categoria do juro composto também leva o nome de juros sobre  juros. Para quem investe em títulos públicos ou bancários, por exemplo, essa é uma excelente forma de garantir uma maior lucratividade.

Para quem faz empréstimos e contrai dívidas, como o juros vai se acumulando, os valores aumentam significativamente a cada mês e fazem com que o montante a ser pago seja muito maior.

Para dar um exemplo, vamos supor que o juros é de 10% de um valor de R$400. Por exemplo, no primeiro mês, os 10% serão calculados em cima dos R$500, gerando R$40 de juros e um montante de R$440. 

No segundo mês,  os 10% vão ser somados ao valor R$400, que é o atual, o que faz com que o juros seja não mais de R$40 e sim de R$44. Todos os meses seguintes acontecem da mesma forma.

Juros moratório

O terceiro tipo de taxa de juros é o juro moratório ou juro de mora. Esse tipo de juro é aplicado quando existe um atraso nos pagamentos, sendo calculado sobre a quantia que está em aberto.

A cobrança deste juro não é mensal nem anual, mas sim diária, se acumulando a cada dia que há o descumprimento no prazo de um determinado pagamento. Dessa forma, quanto maior for o tempo, maior será o juros pagos ao final.

Diferente das multas, que sempre contam com um valor fixo a partir do vencimento do título, o juros de mora é calculado a partir de um percentual estabelecido antes. 

Para esse caso, vamos supor que você esteja vivendo uma parcela que tem um juros de 1% de mora.

Considerando que você deveria ter pago dia 10 e apenas pagou no dia 25, o cálculo vai ficar da seguinte forma: 1000 x (1% ÷ 30) x 15 = 1000 x 0,5% = R$ 5.

Juros reais

Os juros reais são aqueles responsáveis por calcular a rentabilidade de uma aplicação, ou seja, ele considera fatores como a correção monetária e a inflação atual.

Essa taxa, portanto, é como um indicador para determinar o rendimento real, isto é, permite ao investidor ter uma noção real do seu ganho. Esse valor vai mostrar o quanto um aporte é capaz de render acima da inflação.

É o juro real também que  permite saber quanto será cobrado da empresa ou negócio pela concessão de um empréstimo, por exemplo.  

E para calcular os juros reais de uma aplicação, o investidor preciso considerar o seguinte cálculo 

  • (1 + in) = (1 + r) × (1 + j). 

Nesse caso, o in corresponde à taxa de juros nominal, o r é a taxa de juros real e o j é a inflação do período.

Juros nominais 

Outro tipo de juros são os nominais. Como o nome sugere, eles se configuram como todo aquele que é especificado ou nominado em um contrato, seja uma aplicação financeira ou um empréstimo de uma cooperativa de crédito.

O principal objetivo dessa taxa de juros é expressar o rendimento bruto de uma aplicação, sem desconsiderar a inflação daquele momento. Ela é um valor que está, então, sujeita aos efeitos do cenário inflacionário.

Dessa forma, o rendimento, como é bruto, sempre será em um valor que supera perdas inflacionárias, muitas vezes criando uma ilusão de enriquecimento maior do que o real.

Para calcular o valor da taxa nominal, você vai dividir o valor dos juros pagos pelo valor nominal do empréstimo. Supondo que a taxa nominal do empréstimo é de e R$5000,00 e o valor do juros pago foi R$7000,00, ela será de 40%.

Juros rotativos 

O último tipo de juros que vamos falar são os rotativos, que também é bem frequente no mercado financeiro. Ele está associado ao cartão de crédito. Ele sempre incide no valor quando a fatura não é totalmente paga.

As taxas de juros rotativos são uma das mais altas do mercado, chegando até a valores como 336% ao ano. Até o ano de 2017, os bancos podiam oferecer taxas rotativas sem um limite.

No entanto, agora, se a pessoa não tiver condições de pagar o valor da dívida da fatura com o crédito rotativo, a instituição financeira precisa oferecer uma opção mais vantajosa ao cliente, como é o caso do crédito parcelado.

Para saber o valor do juros, é preciso ter o valor mínimo permitido a ser pago pela fatura e, claro, qual é a  taxa de juros cobrada.

Ao subtrair o valor mínimo pago ao valor da sua fatura, a quantia não paga vai retornar como rotativo no próximo mês.Depois disso, você vai multiplicar o resultado pela, tendo o valor que será pago em juros. 

Ainda, sobre esse valor, você vai precisar calcular o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) mensal e o diário que são, respectivamente, de 0,38% e 0,0082%. Por fim, some todos os valores e, então, vai saber quanto deve pagar no mês seguinte.

O que significa equivalência de taxas? 

Um conceito importante é de equivalência de taxas, ou mesmo taxas equivalentes. Taxas equivalentes são aquelas que se forem aplicadas ao mesmo valor em dinheiro, em determinado período de tempo, vão  ter o mesmo resultado final.

Quais as diferenças entre juros e desconto? 

Outra dúvida que podemos ter em relação ao juros é a diferença dele e o desconto.No cálculo dos juros, a taxa referente ao período da operação incide sobre o capital inicial ou valor presente. 

Por outro lado, no cálculo do desconto à taxa do período incide sobre o seu montante ou valor futuro.

Assim como os juros podem ser simples e compostos, os descontos também podem ser. Além disso, ele pode se dividir em desconto racional e desconto comercial. A seguir, iremos falar sobre esses dois conceitos.

Desconto Racional 

O desconto racional simples, também chamado de desconto real, nada mais é do que aquele aplicado no valor atual do título de acordo com uma quantidade de x de períodos antes do vencimento. 

Dessa forma, atua de forma semelhante ao juros simples. No entanto, esse formato não costuma ser aplicado no Brasil. Seu calcula se dá da seguinte maneira:

  • DR = VF(Valor futuro) – VP (Valor pago)

O VP, por sua vez, é VF /(1+i.n).

 Desconto comercial 

O segundo tipo de desconto é o comercial simples. Nesse formato, a taxa de desconto sempre incidirá sobre o valor futuro do montante. Diferente do primeiro, ele é amplamente utilizado no mercado nacional, principalmente em operações de “desconto de duplicatas” de instituições financeiras. Por isso, leva esse nome.

Para calculá-lo, é preciso multiplicar o valor do resgate do título pela taxa de desconto e pelo prazo a decorrer até o seu vencimento

  • D = VF.d.n

Nesse caso, o D representa a taxa de desconto e o n representa o prazo. Para saber qual é o valor presente, você pode apenas subtrair o valor do desconto do valor futuro do título: 

  • VP = FV – D

Dessa forma, então:  VP = VF – VF.d.n   =>  VP = VF.(1. –.d.n)

Taxa Selic x Taxa de Juros 

Outro ponto fundamental quando se fala de taxa de juros é a taxa selic. Como falamos lá no começo, ela corresponde à taxa básica de juros do País. Embora não sejam sinônimos, a taxa selic é um tipo de taxa de juros.

A taxa de juros pode ser entendida também como a taxa média dos juros dos financiamentos feitos de forma diária entre instituições financeiras e que têm lastro em títulos públicos federais.

Por ser a taxa básica de juros da economia nacional, ela interfere no valor de todas as demais taxas de juros, a exemplo dos empréstimos e das aplicações financeiras.

O principal objetivo dessa taxa é o controle dos preços da economia, ou seja, da inflação. De tempos em tempos, portanto, o Banco Central determina uma meta para essa taxa de juros. 

Apesar disso, a taxa praticada pelas instituições financeiras varia, uma vez que ela depende da oferta e demanda por empréstimos feitos entre elas mesmas.

Qual é o impacto da taxa de juros nos investimentos? 

Como falamos, a taxa de juros - e a taxa da Selic - interfere em diversas áreas da economia, por isso, ela também tem um impacto nos investimentos, principalmente aqueles da renda fixa.

Como a maioria deles funciona a partir de um empréstimo de dinheiro entre o investidor e instituições financeiras, seja CDB, LCI ou LCA, o valor da taxa de juros participa do processo.

No fim do prazo combinado para o empréstimo, quem investe vai poder receber o capital inicial junto com os juros combinados e, em alguns casos, terá sido feito também o abatimento do Imposto de Renda nos rendimentos.

Para ter o retorno desejado, o investidor precisa sempre escolher uma taxa de juros, que pode ser pré-fixada, pós-fixada ou híbrida. Dessa forma, quando a taxa pode sofrer variações, isso impacta diretamente no valor a ser recebido.

Quais os tipos de juros nos investimentos? 

Os tipos de juros que podem ser envolvidos nos investimentos podem variar entre uma taxa já fixada previamente como uma taxa, uma taxa pós fixada, atrelada a um índice, ou até mesmo uma taxa híbrida. A seguir, entenda melhor cada um deles!

Juros prefixados 

Muitas das aplicações financeiras da renda fixa, como é o caso do CDB, CRI e do Tesouro Direto, usam os juros prefixados. 

Eles nada mais são do que uma taxa fixa que permite com que o investidor já saiba o valor que irá ser remunerado no final do prazo, seja 2 ou 10 anos. Isso significa dizer também que essa taxa não sofrerá alteração ao longo do tempo. 

Juros pós-fixados 

O segundo tipo de taxa de juros nos investimentos são os pós-fixados. Diferente do primeiro caso, os juros prefixados vão fazer com que a rentabilidade sempre varie de acordo com o indicador escolhido.

Elas costumam ser as taxas de juros de títulos como LCIs e LCAs e o Tesouro IPCA, por exemplo. Dessa forma, você tem noção de qual é o parâmetro de rentabilidade, mas não tem garantia de qual vai ser o valor final pois os índices podem variar.

Juros híbridos 

Por fim, existem também os juros híbridos. Como o nome sugere, ele mistura os juros prefixados com os pós fixados. Dessa forma, ele tem tanto uma parte fixa como uma parte que vai variar.

Estes tipos de juros são ideais para quem quer se proteger da inflação e ao mesmo tempo ter um ganho real, principalmente considerando um longo prazo de investimento.

Como escolher o melhor investimento quando os juros estão altos? 

Os melhores investimentos para se fazer quando a taxa de juros está alta, como é o caso da Selic, são os de renda fixa. Boas opções são os títulos híbridos, pois eles acompanham essa taxa e ainda têm ganhos acima da inflação.

Saiba tudo sobre o cooperativismo e entenda as vantagens desse modelo de negócios!

Perguntas Frequentes sobre taxa de juros

Qual a taxa de juros atual?

A taxa de juros atual, que é a Selic, está em 12,75% ao ano. Esse valor é referente ao mês de maio de 2022, sendo informado pelo Copom. Ela subiu de a taxa de 11,75% para 12,75%, a décima alta consecutiva.

Qual a taxa Selic hoje em 2022?

A taxa Selic, taxa básica de juros da economia nacional, está em 12,75% ao ano em maio de 2022.

Qual a taxa de juros da poupança? 

A atual taxa de juros da poupança em 2022 é de 6,17% ao ano 

Conclusão

A taxa de juros é um item fundamental para a economia de um país, seja porque interfere nos empréstimos como porque interfere nos investimentos.

Ao longo do texto, você conheceu os diversos tipos de juros, desde os simples até os rotativos, entendendo como eles podem impactar no universo financeiro. Te explicamos também a relação da taxa de juros com a Selic.

Além disso, te mostramos os tipos de juros nos investimentos, como é o caso dos pré-fixados, pós-fixados e os híbridos.

A partir de tudo isso, é possível entender que a análise da taxa de juros é fundamental tanto para quem toma crédito como para quem investe seu dinheiro. Por isso, sempre considere os impactos dos juros em qualquer escolha financeira! 

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